Em Paris, os palácios abrem as portas à arte moderna 

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Na capital francesa, os magníficos edifícios do final do século XIX dedicam-se hoje à arte. Abrace a arte moderna e contemporânea nesta viagem a Paris. 

Ninguém tem dúvidas de que a cidade de Paris abraça a arte. A capital francesa tem hoje redobrada importância para negociantes e colecionadores de arte, já que várias galerias prestigiadas estrangeiras abriram casa na cidade das luzes nos últimos anos. Mas não é preciso ser um especialista em arte para viver a arte moderna e contemporânea aqui, já que Paris está cheia de palácios em que as paredes antigas contrastam com pinturas inovadoras, esculturas disruptivas e instalações provocadoras. 

Comecemos pelo museu que não se vê num dia. O Louvre já foi um castelo e depois um palácio. Hoje, na margem direita do rio Sena e no coração da cidade, é o maior e mais visitado museu do mundo, conhecido por ser a casa da obra renascentista Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci. Apesar de a pintura antiga ser o seu cartão de visita, o Louvre tem uma importante coleção de arte moderna e alguma arte contemporânea comissariada propositadamente para as suas salas. Entre estas contam-se a pintura Athanor, um auto-retrato do pintor alemão Anselm Kiefer, numa das escadarias do museu, ou os tetos pintados por George Braque, que receberam o nome de Os Pássaros. 


Entre os museus de arte moderna e contemporânea em Paris, há os que mantêm o palácio não só na arquitetura, mas também no nome. O Grand Palais e o Petit Palais são os melhores exemplos. Ambos foram construídos no final do século XIX para receber a Exposição Universal em 1900, que trouxe o mundo, a tecnologia e a modernidade a Paris. 


Este evento mudou a cara da cidade para sempre — que o diga a Torre Eiffel — e foi a razão da construção de alguns dos edifícios que hoje exibem arte moderna, a arte moderna, e a arte contemporânea, do tempo presente. É o caso do Petit Palais, com uma coleção que vai das esculturas de Poussin às pinturas de Georges Clairin e tem espaço para alguns objetos de arte nova, como as jóias. As galerias nacionais, dentro do Grand Palais, mostram, por sua vez, apostam em exposições temporárias dedicadas a autores como Picasso ou Marc Chagall — estão neste momento encerradas para renovações no edifício e prevê-se que reabram em 2024. 

O Palais de Tokyo é outro dos edifícios históricos da cidade, localizado entre a Torre Eiffel e os Campos Elíseos, recheado de arte — neste caso à arte contemporânea. As suas salas, abertas desde 2002 e já renovadas desde então, estão prontas para receber qualquer tipo de media, performance ou instalação artística. Este museu quer mesmo afirmar-se como o maior centro de arte contemporânea na Europa e convida todos a conhecer a arte e os artistas do nosso tempo mostrando frequentemente trabalhos inéditos e experimentalistas. Entrar no Palais de Tokyo é uma imensa experiência sobre o presente mas esta casa também alberga o Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris. Aqui está a maior coleção moderna da cidade, conhecem-se cubistas, fauvistas ou futuristas, de Sonia Delaunays a Matisse. 



O Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris fica mesmo à beira do Sena, numa margem desafogada e perfeita para um passeio de vistas cénicas. Com menos de meia hora de caminhada chega-se a outro templo da arte moderna na cidade, mais um palácio convertido: o Museu de L’Orangerie. Para sermos mais rigorosos, este edifício comprido e envidraçado era a estufa do Palácio das Tulherias. No meio de um imenso jardim, esta galeria impressionista e pós-impressionista tem uma sala ocupada por uma obra apenas: The Water Lilies, de Claude Monet, é um conjunto de oito pinturas de grandes dimensões expostas numa sala oval. A sensação de estar no meio destas paredes curvas e de pinceladas largas é inebriante e a sala já foi descrita como a Capela Sistina do Impressionismo.  

A reconversão de edifícios antigos em museus não se fica pelos palácios. O Musée D’Orsay, com as suas paredes com gessos decorados e o famoso relógio e janelão no último andar, salta à cabeça. Este espaço era antes uma estação de comboio — a Gare du Quais d’ Orsay. Em 1986 foi convertida em casa de arte impressionista e pós-impressionista e as suas salas de exposição mantêm a arquitetura típica das estações de comboio do final do século XIX, com o seu longuíssimo cais coberto com teto em vidro e, neste caso, muito decorado. Ao topo, como em qualquer estação de comboios, está o grandioso relógio envolto em ornamentos dourados, mas no chão não há linhas férreas: há escultura do final do século XIX, de nomes como August Rodin e Paul Gauguin. Falando de pintura, é aqui que pode contemplar A Noite e o famoso autorretrato de Van Gogh, O Absinto, de Edgar Degas, Almoço na Relva ou Olímpia de Edouard Manet. 

Esta cidade histórica, marcada pela arquitetura e arte da Belle Époque, também tem os seus edifícios contemporâneos dedicados à arte. É o caso do impressionante Centro George Pompidou, um arrojado centro cultural dos anos 70 que reúne a maior coleção de arte moderna e contemporânea e a maior biblioteca de Paris. Entre as obras-primas estão o Jardim de Inverno, de Jean Dubuffet, uma espécie de jardim interior a preto e branco, feito de ilusões óticas, ou a famosa Fonte, de Marcel Duchamp, que inaugurou a estética dos ready-mades na primeira década do século XX. 

A elevação dos objetos quotidianos e tecnológicos, reforçada na transformação de um urinol num objeto artístico, também se adivinha do próprio edifício da fundação, que deixa visíveis as suas condutas de ar condicionado e outras tubulações. Um pouco diferente desta estética é o edifício da Fundação Cartier para a Arte Contemporânea, no bairro de Montparnasse. Todo envidraçado e estilizado, as suas salas brancas estão cheias de obras provocadoras de artistas vivos, como as caveiras e as estátuas humanas hiper-realistas de Ron Mueck, ou a fotografia ativista de Claudia Andujar. 

Seja para entrar nestes edifícios envidraçados ou para passear entre paredes centenárias e maravilhosamente decoradas, aproveite os últimos dias de outono para voar até Paris. Em alternativa, guarde a viagem para a época da primavera: é nestas alturas que a cidade conjuga uma menor afluência de turistas com temperaturas agradáveis para viver a cidade. De qualquer forma, marque as passagens com antecedência. Com a TAP pode viajar para o aeroporto de Orly num dos muitos voos diários e viver os movimentos modernos numa das suas mais importantes origens. Abrace esta viagem à arte