Se for a Copenhaga, tente sair de Copenhaga. Não é fácil, mas vale a pena. Em nome da arte moderna.
A capital da Dinamarca é conhecida e aclamada pela sua riqueza e diversidade arquitetónica, tanto histórica como contemporânea, pela gastronomia de excelência, com vários restaurantes de fama mundial, e pelo estilo de vida descontraído, que dá primazia ao bem-estar – o famoso hygge que os dinamarqueses têm tentado exportar para o resto do mundo. Copenhaga é uma cidade onde apetece viver como os locais: pedalar para todo o lado, relaxar nos parques e nos cafés, e até, especialmente nos dias mais quentes, arriscar um mergulho nos canais.
É fácil o visitante deixar-se contagiar pelo espírito urbano acolhedor, pela alegria citadina constante, pela vasta oferta gastronómica e cultural e não querer cruzar as fronteiras da cidade ao longo de toda a estadia. Mas vale a pena contrariar a tentação. Porque é nos arredores da cidade que se escondem dois dos seus maiores tesouros, sobretudo no que à Arte Moderna diz respeito. Falamos do Louisiana Museum of Modern Art e do Arken Museum of Modern Art.
O primeiro abriu em 1958, com uma intenção declarada do seu fundador, Knud W. Jensen: oferecer um local onde os dinamarqueses pudessem apreciar Arte Moderna, algo até então inexistente no país. A viagem desde Copenhaga dura 45 minutos de comboio – bem passados, junto à costa – e leva os visitantes a uma estrutura impressionante, construída a partir de uma antiga villa em perfeita harmonia com a natureza, de forma a permitir que a arte se celebre tanto no seu interior como no exterior, que acolhe um parque de esculturas.
O Louisiana Museum of Modern Art foi inicialmente pensado para acolher obras de artistas locais, mas rapidamente evoluiu para um museu de cariz internacional. Hoje, é palco de uma das mais notáveis coleções permanentes de arte moderna a nível mundial: são cerca de 4000 obras produzidas a partir da segunda metade do século XX, de autores tão diversos e influentes como Pablo Picasso, Andy Warhol, Francis Bacon ou David Hockney, entre muitos outros, devidamente agrupadas por estilos, nas diferentes alas do museu.
Já a coleção do Arken Museum of Modern Art, em Ishøj, acessível de metro a partir de Copenhaga, não é tão extensa, tanto em quantidade de obras como no período que abrangem. Ainda assim, reúne cerca de 400 obras de arte moderna e contemporânea, num edifício monumental, cujas linhas fazem lembrar as de um navio, também pela envolvência – o museu fica numa zona de praia artificial, a Køge Bay Beach.
O Arken Museum of Modern Art tem uma das melhores coleções de Damien Hirst em toda a Europa, além de uma imponente escultura de Ai Weiwei e uma enorme tapeçaria de Grayson Perry sobre a relação moderna entre pessoas e marcas. A juntar a isto, exibe trabalhos de alguns dos mais importantes artistas contemporâneos de toda a Escandinávia. E inclui uma vista muitíssimo desafogada para contemplar e, quem sabe, inspirar criações próprias, a partir das paredes envidraçadas do Arken Café.
Desfrutar plenamente da visita a Copenhaga e a estes dois museus não exige um verão mediterrânico, mas, pelo menos, a ausência de chuva e frio. É, por isso, recomendável marcar a viagem com antecedência e, já agora, reservar os bilhetes para os museus nos respectivos sites, para evitar surpresas desagradáveis. No que diz respeito à viagem, a TAP tem voos para Copenhaga a partir de Lisboa. Escolha, preferivelmente, o final da primavera ou início do verão para abraçar esta viagem: a partir de meados de maio, os dias entram noite dentro, o sol começa a pôr-se depois das dez, e o visitante fica com a sensação que tem mais tempo para abraçar todos os seus planos. Sejam eles mais ou menos artísticos.