É preciso preservar para a preservação de todos nós

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Com uma vasta área florestal, Portugal beneficia de um importante recurso que importa gerir e preservar para o bem de todos. É isso que é feito no Raiz, para garantir a proteção das florestas nacionais.

Quando nos deslocamos a uma floresta, a sensação de bem-estar que nos envolve é tão forte que nem imaginamos que, provavelmente, nos “bastidores” da floresta, há uma vasta equipa de pessoas e instituições a trabalhar para garantir que desfrutamos de ar puro, que as árvores e plantas estão protegidas de pragas e de espécies invasoras, que a renovação contínua do verde é assegurada ou, até, que as mais recentes inovações possam estar ali a ser aplicadas naquele preciso momento. Mas é isto que poderá estar ali a acontecer, porque é nesse sentido que entidades como o Raiz – Instituto de Investigação da Floresta e Papel, desenvolvem o seu trabalho, para o bem de todos, em prol da floresta nacional e, claro, da sustentabilidade do planeta.




A floresta portuguesa desempenha um papel crucial no equilíbrio ambiental, social e económico do país. Com cerca de 36% do território nacional coberto por áreas florestais, segundo dados do 6.º Inventário Florestal Nacional 2015 (IFN2015), as florestas são fundamentais para a preservação da biodiversidade, captura de dióxido de carbono (CO₂), proteção dos solos ou, entre muitos outros serviços do ecossistema, regulação do ciclo da água. Como tal, as florestas constituem um contributo fundamental para ajudar a mitigar os efeitos das alterações climáticas, desempenhando um papel essencial na preservação do planeta.


Mas apesar da enorme importância que detêm, as florestas enfrentam ameaças crescentes. Os incêndios, a desflorestação e as pragas são alguns dos maiores riscos que as cercam.

Entre os fatores que mais contribuem para que estes riscos ganhem relevo em Portugal, destaca-se sobretudo a falta de gestão e o abandono das terras. Como prova disso, entre 2000 e 2024, cerca de 44% da área que ardeu no nosso país encontrava-se em zona de matos e pastagens, ou seja, áreas não plantadas e sem planos de gestão florestal. Além disso, nesse mesmo período, o eucalipto representou 18% do total da área ardida nacional, enquanto o pinheiro-bravo correspondeu a 20%.

De salientar que entre os 18% relativos a eucaliptal, estima-se que a quase totalidade (16%) tenha ocorrido em áreas de mercado, onde normalmente não há gestão. E apenas 2% terá acontecido em plantações geridas pela indústria.

Face a este panorama, não é difícil perceber que algo tem de ser feito. Como tal, a gestão sustentável das florestas é considerada essencial para garantir a sua preservação e maximizar os benefícios que proporcionam.

A gestão ativa e responsável das florestas torna-se um conceito e uma prática fundamentais para assegurar a sustentabilidade das mesmas, já que permite conciliar as diferentes funções da floresta – incluindo a produção de bens e serviços essenciais – com a sua necessária proteção, conservação, mas também com o lazer, e com o enquadramento e valorização da paisagem, assegurando as necessidades da sociedade como um todo e o equilíbrio ambiental.


A floresta plantada, a par da gestão ativa, são, pois, estratégias imprescindíveis num contexto de sustentabilidade ambiental e económica. De notar que a opção pela plantação não é uma novidade, já que as florestas nacionais são maioritariamente plantadas. No final do século XIX, o país tinha menos de 10% de área arborizada e atualmente a área florestal é superior a 3 milhões de hectares, representando cerca de 36% do território, com referido antes.

Plantar para proteger

Uma das formas que em Portugal se tem encontrado para melhor proteger os solos passa pela plantação de eucalipto. Presente no nosso país há mais de dois séculos, esta espécie – considerada na legislação nacional como cultivada e naturalizada – encontrou em Portugal o terreno certo e o clima ideal para prosperar.

A plantação de Eucalyptus globulus no país tem vindo a contribuir gradualmente para a recuperação de áreas degradadas, reduzindo a área de terrenos abandonados ou sem qualquer tipo de gestão, o que traz óbvias vantagens ambientais, mas também económicas e sociais, para zonas onde a desertificação é um problema.

Foi o que aconteceu com a presença da The Navigator Company em zonas anteriormente abandonadas da Serra d’Ossa, no interior do Alentejo, onde a empresa tem vindo a promover impactos positivos na economia, com respeito pelo ambiente. Também no concelho de Odemira, a The Navigator Company encontrou um desafio em termos de clima e solo, a que respondeu com uma gestão florestal adaptada à região, com recurso ao eucalipto.

Ao longo das últimas décadas, a silvicultura tem registado um progresso notável, impulsionado pela Investigação e Desenvolvimento (I&D), inovação e pela difusão do conhecimento técnico e científico. Esta evolução evidencia a crescente relevância de práticas sustentáveis que promovam a eficiência na gestão florestal, minimizem riscos e preservem o ecossistema. Desde o desenvolvimento de modelos de crescimento e melhoramento genético até à implementação de estratégias para o controlo de pragas e doenças, a silvicultura em Portugal tem vindo a adotar avanços que conciliam a produtividade com a responsabilidade ambiental.

O Raiz – Instituto de Investigação da Floresta e Papel é um exemplo disso mesmo, destacando-se no panorama nacional pelo papel que desempenha na valorização e proteção da floresta portuguesa. Este centro de I&D é especializado em bioeconomia florestal, com foco na floresta do Eucalipto globulus – espécie que, pela sua capacidade de adaptação ao solo e clima locais, tem evidenciado o seu potencial como motor de riqueza económica, social e ambiental – e promove soluções inovadoras para a sustentabilidade da fileira silvo-industrial. Entre as várias atividades levadas a cabo pelo Instituto, destacam-se as relacionadas com I&D,

já que o Raiz lidera projetos de investigação em áreas como a genética florestal, a adaptação das florestas às alterações climáticas e a proteção contra pragas, doenças e espécies invasoras. Neste último caso, utilizam-se organismos considerados benéficos – ou inimigos naturais – com vista a controlar pragas e, mais recentemente, plantas invasoras, como o são as acácias.

Desta forma, é possível retomar o equilíbrio que permite às plantas e árvores crescerem e desenvolverem-se de forma saudável, mantendo o ecossistema o mais intacto possível.

De salientar que o trabalho de proteção florestal e biofábrica já é desenvolvido no laboratório do Raiz há mais de 30 anos, acabando por contribuir para a saúde da floresta nacional como um todo. O Raiz desenvolve ainda investigação destinada a promover uma boa gestão florestal, focando-se especialmente na relação do eucalipto com o ambiente. Em concreto, desenvolve, testa e põe em prática novas técnicas, que garantem a produtividade, mas sem nunca afetar a sustentabilidade da floresta.

Como é que o Instituto faz a diferença?

São muitas as atividades que a área de I&D do Raiz desenvolve, sobretudo aplicadas à silvicultura do eucalipto. Entre elas destacamos algumas:

Melhoramento genético

Destina-se a selecionar e disponibilizar os materiais genéticos de eucalipto mais adequados à produção de pasta e papel, bem como os mais adaptados às diferentes condições de solo, clima e pragas existentes no País.

Biotecnologia

Visa a aplicação de ferramentas moleculares para apoiar o desenvolvimento dos materiais genéticos de eucalipto melhorados (clones e semente).







Proteção florestal

Desenvolve ferramentas que permitam monitorizar os riscos bióticos das plantações florestais, mas também métodos de controlo integrado de pragas, doenças e plantas invasoras. O foco assenta sobretudo em métodos de resistência ou tolerância genética, luta biológica e controlo biológico

Produtividade florestal

Conceção de técnicas que fomentem a produtividade, sempre com foco no uso eficiente de recursos, e integradas numa gestão florestal responsável.

Ao mesmo tempo que desenvolve projetos de I&D, o Raiz aposta fortemente na transferência de conhecimento, estabelecendo uma forte ligação entre a ciência e a prática, colaborando com diversas universidades, mas também com empresas e outras instituições para implementar soluções inovadoras.

Por fim, há ainda uma aposta robusta na educação e sensibilização da população, pois só partilhando o conhecimento com os cidadãos é possível que o mesmo se materialize em comportamentos concretos. Nesse sentido, o Raiz desenvolve iniciativas como a Floresta do Saber, destinada a promover a literacia florestal junto de escolas e comunidades, chamando a atenção para a importância da conservação da biodiversidade.

São muitas as atividades levadas a cabo na Floresta do Saber, apoiadas na investigação e no desenvolvimento tecnológico promovidos pelo Raiz. Palestras, leitura de contos e realização de jogos didáticos, plantação de árvores, peddy papers, observação de aves ou manufatura de herbários são apenas algumas das iniciativas disponíveis no espaço localizado na Quinta de S. Francisco, em Aveiro. Destaque ainda para as visitas guiadas por um dos cinco percursos pedestres circulares, bem aos Viveiros Aliança, na Herdade de Espirra, um dos maiores viveiros florestais da Europa. Todas as atividades são gratuitas e requerem apenas marcação na página da Floresta do Saber.
Este é um projeto único em Portugal, da responsabilidade do Raiz e da The Navigator Company, com o apoio do Programa Gulbenkian Desenvolvimento Sustentável.

Floresta do Saber

As florestas podem ser lugares mágicos e onde se respira (literalmente) saúde, mas onde também a ciência se faz cada vez mais presente. Para tal, há um convite ao contributo da sociedade como um todo – incluindo governos, organismos, empresas e, claro, cidadãos – pois só assim a floresta continuará a respirar e as suas raízes a prosperar.