25,7 milhões de euros para apoiar investigação de excelência em biomedicina e saúde

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A Fundação “la Caixa” já deu a conhecer os 29 projetos que vão receber os 25,7 milhões de euros relativos à Convocatória CaixaResearch 2024. Nove destes projetos serão desenvolvidos em centros de investigação portugueses.

De que forma poderia o mundo ser transformado se a investigação científica fosse mais apoiada? Esta é uma das premissas por detrás da atividade da Fundação “la Caixa” e uma das justificações para a existência da Convocatória CaixaResearch que, com o apoio do BPI, tem o objetivo de apoiar a investigação de excelência em biomedicina, realizada por investigadores e médicos em Espanha e Portugal.

Recentemente, foram divulgados os 29 projetos selecionados no âmbito da convocatória de 2024 deste programa. Entre as propostas apoiadas encontram-se nove projetos de seis centros de investigação portugueses, que receberão um apoio superior a 7,6 milhões de euros. De salientar que a Fundação para a Ciência e a Tecnologia financia três destes nove projetos com cerca de 2,5 milhões de euros.

Atualmente, o CaixaResearch é considerado o maior programa de apoio filantrópico de investigação em saúde e biomedicina em Portugal e Espanha.

Foco em cinco áreas de investigação

Ao todo, a Convocatória de 2024 recebeu 580 candidaturas de projetos de investigação básica, clínica e translacional, tendo o júri selecionado 29, nove dos quais a serem desenvolvidos em Portugal. As áreas de pesquisa apoiadas são referentes a doenças infeciosas, oncologia, doenças cardiovasculares e metabólicas, neurociências, e tecnologias facilitadoras numa destas áreas.

Detetar precocemente doenças neurodegenerativas, como a de Parkinson

Um dos projetos selecionados para receber o apoio CaixaResearch destina-se a desenvolver um método de diagnóstico precoce e diferencial de doenças neurodegenerativas. Mas especificamente, doenças neurodegenerativas causadas pela deposição de agregados de proteína tau anómala, as designadas taupatias. Segundo Ana Pina, do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, que lidera o projeto em conjunto com Luísa Alves, neurologista na Unidade Local de Saúde de Lisboa Ocidental, e Mohit Kumar da Universidade de Barcelona, “o teste de diagnóstico baseia-se em compartimentos de péptidos que encapsulam sensores químicos”, sendo que estes sensores “vão detetar o formato específico dos agregados de tau, pois dependendo da doença, estes podem ter diferentes formatos específicos, 3R ou 4R”.

Entre as doenças neurodegenerativas que virão a ser estudadas com recurso a esta ferramenta inovadora destacam-se a demência fronto-temporal, a taupatia primária relacionada com a idade e parkinsonismos atípicos, como a degenerescência cortico-basal e a paralisia supra nuclear progressiva (4R).

Questionada sobre a relevância da Convocatória CaixaResearch, Ana Pina sublinha que “a Fundação “la Caixa” permite um grande avanço na investigação biomédica em Portugal e Espanha, através de financiamento substancial”, que é de cerca de 1 milhão de euros no caso de consórcios como aquele em que a investigadora participa.

Graças ao grande financiamento, poderemos realizar investigação que poderá contribuir para melhorar o diagnóstico precoce de doenças neurodegenerativas”, nomeadamente, “doenças que clinicamente se podem confundir com as doenças de Alzheimer e de Parkinson”, explica, lembrando que, “até 2050, prevê-se que as taupatias venham a afetar 130 milhões de pessoas”.

Identificar novos biomarcadores para o diagnóstico e tratamento da aspergilose pulmonar

Se é verdade que a maior parte das pessoas está exposta ao fungo Aspergillus fumigatus – que está presente em todo o lado, no ar que respiramos – e não adoece, também é verdade que algumas pessoas estão em particular risco de contrair infeções graves que podem ter um desfecho fatal. É precisamente a pensar nestas pessoas que está a ser desenvolvido outro projeto de investigação, igualmente apoiado pelo CaixaResearch, como explica Agostinho Carvalho, Investigador Principal no Instituto de Investigação em​ Ciências da Vida e Saúde da Universidade do Minho, e líder do projeto selecionado. “A investigação financiada tem como objetivo identificar perfis genéticos que influenciam a capacidade do sistema imunitário de combater infeções causadas pelo fungo oportunista Aspergillus fumigatus”, refere, esclarecendo que, para o efeito, vão “recorrer a estudos in vitro utilizando células isoladas de indivíduos saudáveis e pacientes em risco elevado destas infeções, nomeadamente, pessoas com doenças hematológicas, submetidas a transplantes ou com doenças pulmonares crónicas.

A identificação dos genes envolvidos pode permitir a seleção de pacientes com um perfil genético de risco e que podem beneficiar de profilaxia com fármacos antifúngicos”.
Quanto à importância do programa financiado pela Fundação “la Caixa”, sublinha-a, dado que este projeto de investigação em concreto “visa superar limitações significativas no diagnóstico e tratamento destas infeções emergentes, que foram recentemente reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde como uma prioridade para a investigação e a saúde pública. Além disso, o programa representa um reconhecimento muito significativo, conferindo um selo de qualidade internacional à investigação que desenvolvemos nesta área”, justifica.

Conhecer melhor o parasita que causa a doença do sono

Igualmente apoiada pela Convocatória CaixaResearch da Fundação “la Caixa” foi a pesquisa liderada por Luísa Figueiredo, investigadora no Gulbenkian Institute for Molecular Medicine, em parceria com o investigador Cláudio Franco, do Católica Biomedical Research Centre. Juntos querem tentar perceber como é que o parasita Trypanosoma brucei, que provoca a doença do sono, consegue sair de um vaso sanguíneo para se alojar em tecidos, nomeadamente, em tecido adiposo, no cérebro, no coração, entre outros. Compreender este mecanismo é importante, na medida em que “quando este parasita se aloja nos órgãos ou nos tecidos isso pode trazer complicações tanto em termos da patologia, nomeadamente, quanto aos sintomas que as pessoas vão manifestar, como também no que diz respeito a complicações no próprio tratamento”, refere a investigadora.

Além dos avanços para compreender o parasita que causa a doença do sono, a investigação poderá também contribuir para avanços nos tratamentos de outras patologias, como o cancro ou a inflamação. E isto porque a pesquisa irá “tentar perceber o que é que existe nos vasos que permite ao parasita abrir a tal janela e sair do vaso e entrar no tecido, sendo que isso também é feito por células tumorais e por células do nosso sistema imune”, esclarece, lembrando que “em Biologia estamos sempre a inspirar-nos na investigação uns dos outros”.

Também no caso desta investigação, o apoio CaixaResearch poderá ter sido determinante. Aliás, Luísa Figueiredo considera-o mesmo “essencial”, destacando que “em Portugal não há ferramentas desta envergadura, que atribuam um milhão de euros para fazer um projeto deste tamanho em colaboração. E, depois, o passo a seguir seria concorrer a programas europeus, normalmente até maiores, mas que são muito competitivos e, muitas vezes, precisamos de estar um pouco mais à frente na investigação”, afirma, sublinhando a lacuna que a Fundação “la Caixa” acaba por colmatar.

Por outro lado, aponta também as vantagens que resultam do funcionamento desburocratizado do programa: “Ter um projeto apoiado pela Fundação “la Caixa” é também ter uma instituição connosco que quer que façamos a melhor ciência possível, fazendo tudo para facilitar a nossa vida e isso é, de facto, fantástico”.